segunda-feira, 27 de junho de 2011

O caminho entre trilhos...


   Era como se fosse ontem, quando agi de uma forma que hoje eu reprovo completamente, agi de forma apaixonada e impensada. Fui idiota em acreditar que seria diferente talvez até que seria mais feliz, mas minha felicidade não dependia “Dele” e sim de mim, quando eu percebi isso já era tarde demais, eu já havia cometido tantas idiotices, minha vontade era de colocar-me na frente de um trem, mas esse trem parou antes que pudesse passar por cima de mim, sim ele parou – O que parece incrível, faltou apenas um centímetro para me atacar – Um centímetro apenas me fez nascer novamente, pensar nessa minha vida que tive e na de antes, antes dele e depois dele e o depois do trem.
   Caminhei demais dentro de um trilho procurando uma vaga gratuita em um vagão, quando eu achei que havia encontrado, o preço foi tão alto que minha vontade foi de jogar-me pela janela e morrer entre os trilhos, mas eu repito o trem parou antes de me atingir. Não irei nomear isso como um milagre – Sim, Deus sempre esteve comigo, mas o trem parou por que eu parei – A verdade mais idiota que eu havia escutado entre esses anos que vivi essa vida que ainda desconheço a existência.
    Eu chorei tanto por uma coisa que eu havia causado de certa forma, eu era a estrangeira dentro de um vagão desconhecido viajando clandestinamente, pensei que ali havia a felicidade que eu tanto procurava – Trem errado – Errei ao pensar perfeições de uma pessoa que talvez nunca tenha me olhado com outros olhos. Um dia todos iram errar, não somos perfeitos e eu nunca quis ser e cometi esse que não foi meu primeiro erro e certamente não será o ultimo.
   Mas qual foi o erro? Amá-lo?! Não, esse não foi o erro que eu tanto comento amar faz parte da vida, eu fiz minha parte, o amei como eu sei que ninguém mais amará e talvez eu ainda ame, entretanto o meu erro hoje é algo que pode me salvar. Eu contei para ‘’ele’’ que o amava como nunca amei ninguém, sim, eu fui estúpida até esse ponto – Eu sabia que ele não me queria, mas ele não tinha a certeza que eu tinha com relação a ele – Sentei ao seu lado e contei a ele.
   Naquele pequeno instante eu sabia apenas de uma coisa, que por mais que eu o amasse nós nunca iríamos ficar juntos, apenas por que eu fui contar ele uma coisa que ele talvez já soubesse por outra pessoa e que eu sabia que ele não me olhava com outros olhos a não ser de “Nada”. Ele me usou em um de seus testes de moral, meu irmão me avisou que era para eu me afastar naquele momento, se eu tivesse saído daquele vagão quando meu irmão veio me buscar, talvez eu não fosse quase vitima de um trem inteiro, mas eu insisti. Eu menti para ele, eu disse que iria continuar que iria conquistá-lo, mas isso nunca iria acontecer, eu já havia proferido “A partir do momento que ele souber por mim a verdade, criarei asas e voarei não importa para que direção.”
   Ele também mentiu para mim, disse que continuaríamos amigos, mas a primeira coisa que ele fez foi me dar às costas e falar de mim para os amigos dele, de uma forma ou de outra eu não posso negar que sinto alguma coisa por ele, mas acho que a raiva faz parte disso... Mesmo assim, mesmo depois de tudo isso, o trem me mostrou antes de seguir sem mim, aquela pessoa dentro daquele vagão ainda não amou, ainda não sofreu, ainda não viveu assim como eu ainda não vivi, e um dia ele vai me entender, eu espero que quando a vez dele chegar não seja tão sofrida como a minha e quando ele se jogar na frente do trem, não precise ver a morte parada na sua frente e depois perceber que foi salvo por um centímetro.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ferimentos...


Quando eu era pequena e me machucava me perguntava “Como era sentir dor?”, eu chorava quando caia, mas apenas por ver meu sangue sair. Eu queria sentir dor, mas eu não sabia o que era, eu não sentia nada...
Eu andava sozinha, era muito solitária e depois que meu irmão começou a estudar, a solidão ficou ainda maior. Eu sentia um aperto no coração e... – Será que isso era dor?
Uma vez vi uma criança cair e machucar o joelho e dizer que doía muito para a mãe, eu olhava para as minhas cicatrizes e me perguntava “Por que eu não sentia nada?”
Já adolescente meus colegas riam de mim por achar que era mentira que eu não sentia. Eu deixava eles me beliscarem – Realmente eu não sentia nada!
-Era minha mente, não era mais nada, eu queria sentir dor, mas isso era bloqueado na minha mente, eu já sentia uma dor pior e simplesmente não sabia.
Quando a gente sente uma dor e quer esquecer ela, usamos outra dor para isso... A dor física é uma coisa suportável para mim, agora a do meu coração é algo que me consome.
Não me sinto inquieta quando me machuco, eu apenas observo a ferida e o sangue sair, fico observando como isso acontece até o dia da cicatrização – É um processo natural do corpo, mas com o coração não é assim, mesmo que a ferida pare de dor nem sempre ela estar curada – Um dia ela irá abrir novamente e quando você menos espera a dor volta e ainda pior... Eu sei disso...!!!
“Diferente de um ferimento no corpo, não á remédio para um coração ferido e as vezes ele nunca sara.